segunda-feira, 23 de novembro de 2015

5° Dia de ViaRhôna - La Voulte-sur-Rhône a Malataverne

Deixamos a cidade de La Voulte-sur-Rhône satisfeitos com a hospedagem. Recebemos da proprietária do hotel a notícia de que pegaríamos muita chuva pelo caminho. Sem problemas, sabíamos que o Trailer do Nicolas era impermeável, por isso a chuva não nos assustava.

Só não sabíamos que a chuva se somaria a chegada da noite e a dificuldade de encontrar um local para dormir. O dia, que começou lindo e calmo, visitando cidades quase fantasma, atravessando lindas pontes, passando ao lado da central nuclear de Cruas Meysse, acabou se transformando em algo tenso.

Quando estávamos bem perto da cidade de Montélimar, decidimos por, ao invés de entrar em Montélimar, seguir viagem até Chateauneuf-du-Rhône, ainda estávamos inteiros e querendo pedalar. O problema começou quando chegou a tão prometida chuva, com ela o vento e frio, mesmo assim conseguimos chegar em Chateauneuf, porém lá não havia local para dormir, nenhuma pousada ou hotel disponível, e a noite chegou. Com ela o desespero para salvar a família de uma noite ao relento... rsrsrs

Essas situações são boas para nos dar energia e habilidade em sair de situações difíceis, além da oportunidade de testar a bondade dos seres humanos que cruzamos pelo caminho. Procuramos no GPS o hotel mais próximo, seguindo caminho para Bike, de forma a evitar ao máximo estar ao lado de carros em meio a chuva e a escuridão da noite.

O GPS brincou conosco, nos fez subir o morro mais alto da região, por uma rota escorregadia e que acabava sem saída. Sem problemas, ouvimos o som de carros passando por uma estrada um pouco acima e resolvemos desmontar os alforges, desconectar o trailer do Nicolas e subir com tudo barranco acima, acessando a rodovia que estava passando por ali. Nessa subida de barranco podíamos perceber que um morador de uma casa acompanhava nossa peripécia, com a lareira acesa e alternando o olhar entre um livro e a janela, Nessa hora pensei, não vai nos oferecer ajuda? Perguntar o que estamos tentando encontrar, talvez indicar um caminho, qualquer coisa, por mais simples que seja... Nada, nem franziu a testa. Eramos apenas uma família, a noite, na chuva, com um bebê no trailer se virando para se salvar da situação em que se meteram...

Continuamos a acompanhar os caminhos que o GPS traçava para nós, faltavam apenas 1,7 km até o famigerado Hotel que o GPS apontava como destino final, ainda estávamos subindo, agora partilhando a estrada com carros, quando vimos uma placa de Gites de France (uma rede de pousadas ou Bed and Breakfast que disponibiliza quartos por toda a França). Resolvemos, então, desviar para o caminho da placa, que parecia estar perto. E conseguimos, chegamos a casa do Gites, tocamos campainha e um portão automático se abriu rapidamente. Mais no fundo do terreno uma senhora sai de guarda-chuva, e vem conversar conosco, que descíamos pela rampa em direção a ela. Perguntamos se havia um quarto disponível, mas, para nossa tristeza, a resposta foi "infelizmente não", estamos cheios. Realmente, havia um monte de carros estacionados ali. Porém, algo dentro de mim cobrava uma reação mais amorosa daquela senhora, que tal se ela nos oferecesse um espaço na garagem, uma toalha para nos secarmos, uma bebida quenta, qualquer coisa que mostrasse a preocupação dela com relação aquela família que estava em sua frente. Que nada, só nos restava ir embora e tentar chegar no Hotel que o GPS prometia nos levar.

E foi assim, saímos daquela casa, preparados para mais um trecho de chuva e frio, vamos que vamos. O caminho foi ficando pior, neste momento o GPS nos tirou da estrada de carros e nos jogou por um caminho no meio da mata, mais barro, escuridão, só para nos testar. O Nicolas, dormindo, nem percebeu o que se passava, a chuva embalava seu sono, ele nem percebeu as escorregadas que dei pelo caminho. A Andrea, preocupada, preferia ficar em silencio. Finalmente conseguimos sair daquele trecho dentro do mato e alcançamos uma estrada, o ruim é que por ela passavam carros em velocidade assustadora, ainda mais para ciclistas em noites de chuva. Porém eram só mais 400 metros até alcançar o destino apontado no GPS, lá fomos nós. E chegamos, apareceu uma grande placa de hotel, tudo apagado, mas pedia para nós entrarmos no terreno, era um hotel 4 estrelas, um Chateau, cheio de pompa, mas, mesmo assim, não tive o menor receio de entrar todo molhado pelo saguão da recepção e perguntar se tinham disponível um quarto para abrigar um casal e filho com frio e sem outra opção de pernoite. Sim, tem disponível, suite luxo... ai meu Deus, lá vamos nós gastar a toa, mas é o que tem, bora.

Foi uma noite diferente, em se tratando de viagem de bike, com luxos que não combinam muito, mas que também são bem vindos. Tomamos banho de banheira, damos risadas sentados nas poltronas Luis XV do luxuoso quarto, saboreamos o menu degustação do lindo restaurante do hotel, o Nicolas se divertiu bastante.













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